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Juramento de Hipócrates (História da Medicina)

 O Juramento de Hipócrates é um dos textos mais célebres da história da medicina, estabelecendo princípios éticos que ainda hoje orientam a prática médica. Hipócrates, frequentemente chamado de "pai da medicina", viveu na Grécia Antiga, por volta de 460-370 a.C. e foi um dos primeiros a separar a medicina da superstição e do misticismo, promovendo uma abordagem mais racional e científica para o tratamento de doenças.



Na Grécia Antiga, a medicina estava intimamente ligada à religião e à filosofia. Doenças muitas vezes eram atribuídas à vontade dos deuses ou a influências sobrenaturais. Hipócrates e seus seguidores, conhecidos como a Escola Hipocrática, buscaram entender as doenças através da observação e do estudo científico, propondo que as causas das doenças eram naturais e não divinas.


O Juramento de Hipócrates é um texto curto, mas profundamente influente, que delineia os princípios éticos que devem guiar a conduta dos médicos. A versão original do juramento, escrita em grego antigo, passou por várias adaptações ao longo dos séculos, mas os princípios fundamentais permanecem constantes. O juramento pode ser dividido em várias partes principais.


O juramento começa com o médico jurando pelos deuses Apolo, Asclépio, Hígia e Panaceia, mostrando respeito e gratidão aos seus professores e comprometendo-se a ensinar a medicina aos filhos dos seus mestres e a outros estudantes que jurarem seguir os princípios do juramento. "Eu juro por Apolo, o médico, por Asclépio, Hígia e Panaceia, e por todos os deuses e deusas, fazendo-os minhas testemunhas, que cumprirei, segundo as minhas forças e meu julgamento, este juramento e este compromisso escrito."


A segunda parte estabelece normas de conduta profissional, incluindo a promessa de tratar os pacientes da melhor forma possível, evitar causar dano e não realizar procedimentos prejudiciais, como o aborto ou a eutanásia. "Aplicarei os regimes para o bem dos doentes segundo o meu saber e a minha capacidade, e jamais para causar dano ou mal a alguém."


O juramento destaca a importância da confidencialidade médica, um princípio que é fundamental até hoje. Os médicos juram manter sigilo sobre tudo o que virem ou ouvirem na prática profissional que possa ser prejudicial ou embaraçoso para os pacientes. "Tudo o que, no exercício ou fora do exercício da minha profissão, vir ou ouvir na vida dos homens, que não deva ser divulgado, conservarei inteiramente secreto."


O Juramento de Hipócrates estabeleceu uma base ética que transcendeu culturas e eras. Seu foco na benevolência, não maleficência (princípio de "primum non nocere" ou "primeiro, não causar dano"), e confidencialidade são valores centrais que ainda orientam a prática médica moderna. A ética médica moderna continua a ser moldada pelos princípios do Juramento de Hipócrates. Embora muitos médicos hoje façam uma versão modernizada do juramento, os fundamentos éticos de tratar os pacientes com compaixão e integridade permanecem inalterados. Em 1948, a Associação Médica Mundial adotou a Declaração de Genebra, uma versão contemporânea do Juramento de Hipócrates, reafirmando o compromisso dos médicos com altos padrões éticos em todas as situações.


O Juramento de Hipócrates é um pilar da medicina que estabeleceu uma ética profissional que perdura até os dias de hoje. Ele representa a transição da medicina de práticas supersticiosas para uma abordagem baseada em ciência e humanidade. Hipócrates não só contribuiu significativamente para o desenvolvimento da prática médica através de suas observações e ensinamentos, mas também deixou um legado ético que continua a guiar médicos em todo o mundo.

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